Convite a um olhar ou convite a outro olhar

[C1] 


Convidamos todos vocês, público, artistas e não artistas a se apropriarem[C2]  e reverem a sua posição[C3]  com relação à arte.
Não falo aqui em mudar[C4]  suas posições ou opiniões sobre o assunto, nem tentar convencê-los de nada, mas proponho um novo olhar para esta arte que está aí, e que traz um pouco da nossa contemporaneidade.
Um olhar mais atento, mais crítico: falo de olhar além do que é visível, ao redor, no seu entorno, além da obra em si[C5] .
Olhar a arte, mas também a sua proposta, sua posição política, olhar o artista, o espaço museológico, a Instituição Arte e as outras Instâncias que a envolvem[C6] .
Uma visão mais global e mais profunda de tudo isso: as camadas além das aparências, as questões que envolvem a arte e que interferem diretamente no nosso dia-a-dia.
Seria um despertar, ver o avesso destas coisas, tanto na esfera estética quanto política. Se apropriar desta arte lhe dá o direito de questioná-la, investigá-la, usufruir dela e do que tem a nos comunicar, afinal agora esta arte está aí [C7] presente para todos.
Este não é um convite a um olhar desapegado. Se lhe parecer bom, ou ruim, fale, diga, e se lhe comunicar algo leve além do pensamento teórico, direcione para uma prática atuante[C8] , compreendendo quais são as questões que estão encobertas, sejam elas políticas, econômicas, etc., além da simples apreciação estética.
Apesar deste cenário[C9] , seguimos acreditando numa arte livre de ser objeto de manipulações econômicas e de interesses políticos. Numa arte livre para se expressar com a liberdade que lhe é de direito, sem as censuras, controles e especulações que a envolvem.

ELAINE STANKIWICH



 [C1]Aqueles que ainda não olharam para algo, agora estão convidados. Os que já olharam, são convidados a um outro olhar,  convidados ao desvio de outro olhar.

 [C2]Como leitor, sempre que vejo a o termo “apropriação” busco no texto o que é apropriado. Seguindo a leitura feita no comentário anterior, é possível perceber que aqueles que ainda não se apropriaram da arte agora estão convidados a fazê-lo, e aqueles que já o fizeram, são convidados a reverem sua posição. A revisão de meus conceitos ocorre com desvios provocados por autores e pessoas próximas a mim, que me fazem rever a relação que eu tenho com a arte a partir da relação que elas têm com a arte.

 [C3]A concordância – como sentido dado – (vocês, revejam a sua posição) apresenta público, artistas e não artista numa única posição com relação à arte.

 [C4]Acreditava que era disso mesmo que o texto falava, em mudar posições, pois se já vi algo e quero outro olhar, um reposicionamento é necessário. Fotógrafos sabem muito bem disso. Bem, de toda maneira, vamos a outro olhar, sem mudar minha posição, apenas ouvindo o que o texto diz.

 [C5]Quando fui a Inhotim, em Brumadinho/MG, e nadava na piscina da Cosmococa Nocagions, do Oiticica, não conseguia deixar de sentir a água gelada. A água era tão fria que não acredito que tenha sido um acaso, mesmo sem haver um equipamento de resfriar. Apesar de não ser visível quando estava fora da água, o “ao redor”, a galeria e seu ar condicionado (motivo da água ser tão fria, pois não havia qualquer outro meio de gelar ela, segundo os monitores) se fizeram presentes a mim, como participante do trabalho. Paradoxo provocado por várias outras obras contemporâneas: apesar de alguns elementos serem invisíveis, e estarem “aos arredores”, os artistas os trazem para dentro da obra, sem que não haja nada que não esteja na obra, incluído por ela no campo de percepção do espectador.

 [C6]O texto afinal reconhece a existência de trabalhos que envolvem muitas coisas além das materialidades visíveis.

 [C7]A ordem de leitura dos textos do LAB# permite algumas relações bacanas entre eles: Serafina Flores, no último parágrafo do seu texto desta edição, aponta isso como questão, da arte estar (ou dever estar, como direito de todos) disponível.

 [C8]A prática atuante como uma prática da compreensão. Aonde está o “além do pensamento teórico”?

 [C9]De qual cenário? O cenário, terminando de ler o parágrafo, parece ser um cenário no qual elementos que não foram pensados esteticamente, ou politicamente, pelos autores, se fazem presentes e interferem na obra.

(Notas do revisor Arthur do Carmo).

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