O ser humano é primariamente um ser social, sendo assim, a arte, que me é conhecida como a mais eficiente das formas de socialização, é nata a todos os homens e mulheres. A existência de um instinto criador pode ser confrontada por diversas correntes teóricas da filosofia, psicologia e até mesmo das artes. E não facilmente corroborada por tantas outras, que não raro me soam confusas e um tanto soberbas. Então por que escolher uma temática tão ingrata e discutível para um texto?
Verdadeiramente a questão que me aflige surge da tentativa de mostrar a perspectiva que acredita no fato da produção artística ser algo que provém inteiramente da natureza. Natural quando se fala da necessidade da criação para a produção de cultura, de que o ser humano está envolto no desejo de ver sua vida e suas experiências perpetuadas de alguma maneira. Da visão de que suas ações só acontecem no momento em que são compartilhadas com seus semelhantes, na contemporaneidade ou de maneira póstuma.
Quase posso ouvir os protestos quanto ao uso do termo “natural”. Mas não encontro, dentro de minha semântica particular, uma terminologia mais adequada.
Você está diante de um conflito pessoal. Essa discussão envolve coisas muito mais enraizadas. Não cabe aqui serem discutidas. Respeito, com certa devoção até, alguns dos grandes caras que pensaram sobre a existência humana, sobre como as ações dos seres existem para formar um pensamento que se eleve para além das atitudes básicas que nos constituem como animais somente. A maioria deles falou-me de coisas que permeiam a construção de minha identidade intelectual no momento e, provavelmente, por muito mais tempo do que sou capaz de imaginar. Não irei citar nomes. Não vejo como preciso a enunciação de pessoas.
Cheguei ao ponto: esses grandes gênios são pessoas. Pessoas com capacidades sensíveis maiores do que a média. Mas ainda assim, indivíduos que pensaram e que, principalmente, ousaram lançar seus pontos de vista sobre questões ingratas e discutíveis. E por respeito e reverência a todos os que pensam, desde os primórdios de nossa história até agora, com reconhecimento ou no ilustre anonimato, que decido explanar com honesta iniciativa e certa irresponsabilidade, minha opinião.
Sempre conservo um receio para com as instituições, não me entenda mal, não é de meu total agrado ser arredia às coisas consolidadas. Mas por algum motivo, criado, construído ou formado a partir de minhas vivências, ou as de outrem, que me fizeram perder a crença na falsa estabilidade que é embutida e inculcada dentro de nossas concepções do que é ser artista. Aí está: outra questão mais do que espinhosa. O que é ser artista? Por hora, não me atrevo a responder, ou melhor, divagar sobre.
Voltemos. Quando menciono academia, não falo apenas dela, mas também da família, da religião, do dinheiro e de todas as outras tantas grandes catedrais do institucionalismo que agora surgem na minha, e creio, na sua mente. Está ficando cada vez maior a cutucada no vespeiro.
Refiro-me às várias formas de tolhimento que rondam a criação espontânea. Sim, eu acredito que todos nós trazemos um artista dentro, e por vezes encolhido, no mais primitivo âmago do ser.
Eu tenho procurado frequentar vernissages, visitar exposições, participar de debates sobre a arte produzida ontem e atualmente. E tudo me parece cada vez mais sem razão, mais um esforço egoico, (essa é outra casa de abelhas que não iremos bater agora) do que realmente uma produção que advém da genuína busca pelo criar.
Devo reiterar, essa é uma explanação muito pessoal. Nada contém de inquestionável. E passa muito longe da verdade estabelecida.
Vejo a arte essencialmente como uma maneira, senão a mais efetiva, de comunicação. Isso talvez explique minha participação num projeto como este.
As supracitadas instituições, a meu ver, servem muito mais como ferramenta de cerceamento e legitimação de um sistema de coisas a muito falido, como sabemos, do que como formadoras de seja lá o que for.
A vontade de expressar o sincero sentimento de perpetuar algo contido somente dentro de um contexto artístico, único de cada um dos seres, é o que me faz acreditar na continuidade da arte como forma de expressão.
Entramos em outro campo, o território dominado pela força da imaginação e de quantas formas o pensamento humano possa utilizar para retratar a relação dos homens e mulheres de maneira artística. São tantas e tão diversas entre si, conservando somente a preciosa informação de que precisamos, urgentemente, nos entregar à essência e ao potencial criador liberto de dogmas, técnicas e afins.
Greyce Bruna Farias
Jornalista
greycebruna@hotmail.com
Jornalista
greycebruna@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário