Minha última crítica

É, parar no tempo, estacionar e posicionar em gravidade. Existir. Deixar a marca do tempo, apresentar a forma, aspecto, textura, rugas e, às vezes, cair e levantar. É o sentimento comum quando se passa dos 70. Esse número que foi colocado para resolvermos. O que vou dizer da palavra, outra contradição, outra forma que criaram para entrarmos em diálogo, e todas as formas que nos apresentam são castradoras, impedem, neutralizam e não deixam o sujeito expressar os sentimentos mais profundos do ser, da natureza e de toda a biosfera; e estamos condicionados a morrer. Somos tão violentos quanto. Percebemos que vamos desaparecer em ruínas e nos deparamos em meio a tantos valores ético-étnicos. Qual é o princípio da moral, do discurso e de que existe algo superior a nós? É claro que existe. Sempre existiu e está aqui do meu lado, passa pelo seu lado nesse momento que escrevo para você. Dá para sentir o movimento e às vezes emite sons, incomoda meus ouvidos. Quais são os sentimentos catalogados e colocados na estante de um supermercado, loja, feira e tantos outros tipos de comércio espalhados por todo lugar que temos conhecimento? Sim, criamos uma moeda que intermedeia nossos desejos. O que eu tenho para lhe oferecer e o que você tem para me dar? Eu tenho algumas palavras escritas em uma máquina. E daí? O que isso significa para você? Você vende sentimentos para se colocar no mundo da cultura? O que é, qual a sua importância no mundo que se diz atual? Que mundo é esse que foi construído por mãos iguais as minhas, a sua, cheia de dedos e unhas e sem fazer marcas no tempo? Só tenho perguntas. Deixa eu mudar meu discurso e colocar alguns pontos objetivos sobre um trabalho para o meu professor de estética e história da arte. Vamos pelo princípio do texto: Valdecir Ferreira de Morais. O que é, qual sua importância no mundo do agora? Desculpe, outra pergunta. Por que tudo na vida começa por uma pergunta. Tinha esquecido, como pode. (Depois da pergunta eu pensei nesse momento). Onde ela está ou onde ela acontece? Esses são alguns dos questionamentos que temos ao fazer um panorama em arte. Não tem uma definição específica, não ocupa um lugar e não tem um espaço. É uma convenção do homem moderno para agregar valor em um conhecimento específico de cada tempo histórico. Um objeto, a arquitetura ou apenas um projeto. Arte se tornou algo relativo, diluído e fragmentado e passa por várias instâncias do conhecimento por meio de muitos pensadores em suas múltiplas disciplinas para alcançar o senso comum entre quem a julga. Ocupa várias instituições de nosso tempo para abrigar e preservar sua integridade física. Estão nos livros, documentos, catálogos e até em grandes bibliotecas, públicas ou particulares, para repassar seus conhecimentos morais (meu último nome... rs). O tempo que desloca a partir de um conceito ou teoria desenvolvida por um indivíduo ou coletivo (coletivo acrescentei agora) que atua no campo da arte e podendo ser um conjunto de elementos, características e dimensões que compõe esse corpo que ocupa. Tudo que é tradição em nossa sociedade tem sua importância e assim passa esse conhecimento tradicional para outras gerações. Seu valor é intrínseco ao próprio movimento que se deu a partir dos séculos passados e até hoje é analisada e levada como algo essencial para a posteridade. Essa cultura, que foi gerada e herdada nos princípios dos tempos modernos, de preservar a vaidade de um grupo social. Tem o seu papel e seus valores, cumpre uma agenda, cronograma e se dá gradualmente. A problemática é que não atinge as camadas mais precárias em um sistema social. Faz sentido para muitos artistas que se lançam em circuitos de arte por acreditar que é possível ser renumerado sem ter uma segunda atividade ou trabalho para sustentar o seu próprio corpo. Qual é o trabalho em arte mais importante para nossas sociedades? Por qual motivo ela é importante? O que reflete as sociedades atuais em nossos olhos é o mesmo que a produção artística de nosso tempo? As sociedades anteriores geram conhecimento, conceitos, valores morais e éticos. Passo a acreditar que arte é o único instrumento para refletirmos.


Valdecimples
Artista
lixocontinuo@gmail.com

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