Organizamos o projeto LAB#, desde o início, porque sentíamos grande necessidade de mais espaços que promovessem debates sobre a arte nesta cidade. Com poucos seminários, eventos de debates, as discussões que ocorriam no campo da arte geralmente se davam em palestras de contrapartida social de exposições, por vezes não re-gistradas, ou registradas apenas em formatos pouco acessíveis, veiculados em relatórios restritos ao público, ou não veiculados. Além, claro, das conversas de bar, facebook e encontros de artistas; discussões que nunca chegam ao conhecimento do público em geral. O LAB#4 em especial, que teve apoio financeiro para a impressão da 6° Vento Sul – Bienal de Curitiba, sem obrigação, acabou tendo como assunto principal a própria Bienal. Primeiramente porque o laboratório aconteceu na semana decorrente da abertura, em uma das salas do Museu Oscar Niemeyer, local onde se encontravam a maioria das obras. E depois, porque esse evento pode ser considerado como um dos maiores e mais influentes eventos de arte que temos em nossa cidade. Ou pelo menos pretende ser, afinal, seu título é Bienal de Curitiba. Diversos temas foram abordados. Pensamos em escrever sobre as relações que havíamos observado entre as pinturas de Felipe Scandelari e Eduardo Berliner, ou escrever sobre a experiência do crítico que coloca seu texto como obra de arte. Mas os assuntos que predominaram foram outros, e acabaram se mostrando, para a maioria dos participantes, mais necessários de serem discutidos, o que movimentou todo o laboratório. Estes assuntos foram os problemas técnicos e éticos de um evento tão grande como este, bem como as relações entre arte e capitalismo. Como diria uma de nossas editoras, “por que é tão difícil falar em arte sem falar em grana?” Hoje, ao se falar em crítica de arte, há uma rejeição por parte de alguns interessados em discutir abertamente esses tópicos (arte e capitalismo). Acreditamos que é porque estas pessoas estão satisfeitas com o modo pelo qual esta relação vem acontecendo, e até acreditam nela. Algumas podem até apresentar certo pré-conceito, dizendo que assuntos como esse seriam referentes apenas às discussões políticas e não sobre a arte. Não concordamos, não estamos satisfeitos como essa relação vem acontecendo. Por isso, pensamos muito, mas muito mesmo, quando o projeto do LAB foi convidado a participar deste evento. Desde o início do projeto, os editores vinham bancando as impressões, a revisão e a diagramação. As obras dentro da revista sempre foram feitas ou cedidas por colaboradores. Assim, receber o patrocínio de impressão não implicaria tanta diferença de gastos e de organização para nós, pois não receberíamos os honorários por nosso trabalho, como sempre foi. Mas concordamos, simplesmente porque gostamos da atitude da Bienal em aceder com a fala livre de artistas e do público geral sobre o evento. Isso mostra que eles estão interessados em oferecer melhorias. Desta maneira, e tomara que estejamos certos, estas discussões sobre problemas éticos e técnicos podem não se tornar tão necessários nos próximos eventos. E o LAB terá mais tempo para discutir outras questões importantes, e não os próprios problemas da Bienal.
LAILANA KRINSKI E RAFAEL BUDNI
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