A experiência é uma pedra criando limo?


Definir experiência é difícil, mas definir uma pedra criando limo não é.

A mediação em espaços culturais e a educação em arte tornam, em teoria, a arte acessível. Na prática, a arte - como experiência - já não seria acessível exatamente pelo seu empirismo? Explico: acredito (e gosto de acreditar) que os seres humanos, mesmo que não formalmente, podem ter pensamento artístico, tanto estético quanto sensível. Gosto de acreditar nisso porque acredito que arte pode existir em qualquer lugar e pode ser feita por qualquer pessoa. E gosto de acreditar pois, caso contrário, posso não mais saber o que estou fazendo na faculdade de Artes Visuais.

Essa sustentação ideológica da experiência não só formaliza um ato que é empírico e autônomo por sua própria natureza, como a torna didática. É possível ensinar experiência? É possível traçar um caminho para a reflexão? A experiência é individual.

A experiência é individual, mas também pode ser mediadora? Mediadora do conhecimento e da pessoa que a experimenta: é aí que proponho a idéia da pedra criando limo. A experiência é o limo, a pedra é a pessoa e a água o conhecimento. Afinal, ao aceitarmos essa experiência como uma ação educativa, estamos aceitando que sem a presença dos agentes mediadores a experiência não se concretiza. Mas por que não pode se concretizar?

As pessoas -  as pessoas cujo conhecimento artístico é informal - podem visitar um museu com uma exposição de arte contemporânea e se perguntarem porque aquilo está sendo exposto. Mas é errado se perguntar isso? Qual é o erro de problematizar a existência de uma obra ao invés de problematizar só o seu conceito e sua história? Ou problematizar a sua manufatura - ou a sua não-manufatura, como no caso daquela exposição invísivel de Londres... E é nessa educação que acredito, a que problematiza tudo que vier à cabeça.

Desde que entrei na faculdade, várias vezes esqueci por que estava aqui. Essa formalização de toda e qualquer experiência - até aquelas mais perceptivas e intuitivas - não deixam espaço para - olha que coisa! – experimentar.

A experiência, não só em arte, pertence a quem a experimentar e se deixar transformar por ela. Não existe uma fórmula de saber experimentá-la, saber apreciá-la ou saber utilizá-la. A experiência é só sua.

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