A cada vez que esse texto começou a ser escrito, houve um pensamento “não”. E, a cada “não”, uma nova escrita deixava de ser feita. Pelo menos seis ou sete críticas, dessa forma, se perderam. Esta foi a que sobreviveu – e não sei se permanecerá até o final. Quanto foi que perdi com isso? Quantos nós mentais eu teria desfeito com esses seis ou sete textos sendo externalizados?
Hoje erros não são tolerados e o diferente é visto com repulsa ou medo. Somos levados a pensar que é melhor se omitir a dar um passo para o lado ou para trás. Nós nos esquecemos do valor do erro e do quanto aprendemos, ou deveríamos aprender, com ele. Esse sentimento castrador é um inimigo de qualquer construção mental, matando o pensamento por inanição.
A crítica (assim como textos, opiniões, ideias, poéticas, etc.) não nasce pronta. Precisamos por a prova nossa visão de mundo e nos confrontarmos não só com o outro, mas com nós mesmos. Criticar é propor, é se posicionar, é fazer valer a nossa voz. E se estivermos “errados”? Não há mal. Há que se praticar. Outros já estiveram e muitos ainda estão. O problema está em fechar os olhos. Afinal, quem valida o que é verdade ou mentira?
O Laboratório de Produção em Crítica de Arte - LAB - está aí para isso. Por ser uma proposição coletiva, impede que o pensamento fique retido. Buscamos uma verdade (ou várias), por acreditarmos que várias possibilidades podem coexistir. Também não nos prendemos em formas ou conceitos, não buscamos um texto acadêmico, um artigo, uma tese. Os textos aqui estão mais para ensaios, ou tão somente insights, mas não são isso. Os escritos desta edição foram pensados, trabalhados, conversados coletivamente, pois é isso que o laboratório busca: crítica como troca de ideias, de pontos de vista, de opiniões. Pura troca, sem imposição.
A não imposição talvez seja o traço mais marcante do laboratório e está ligado à maneira como ele acontece. O LAB se dá em dois tempos: o primeiro, nas discussões. Durante uma semana, os participantes do LAB#3 se encontraram e trocaram ideias, certezas e inseguranças sempre com a vontade de partilhar, não de impor, ansiando buscar as suas próprias verdades através de muita conversa e reflexão sobre si mesmo e sobre sua visão de arte. O segundo momento é este acontecendo agora, nesta leitura, levando para fora dos encontros os assuntos que tanto nos incomodaram e nos levaram a escrever, encerrando este ciclo (ou seria se abrindo ainda mais?).
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