Entre blá-blá-blás e zum-zum-zuns

– 15 pessoas;

– A Casa;

– 9 dias;

Pronto, a arena está formada.

Iniciamos a imersão sobre crítica de arte com a leitura de Baudelaire e a pergunta foi lançada: “Afinal, o que é Crítica?”.

Será que escrever um texto para a exposição de um amigo é justo? E quando o texto torna-se mais importante que a obra? Ou, quando a obra é dependente do texto?

A segunda edição do Lab aconteceu entre o lançamento de livro e a abertura de exposições, aliás, toda vernissage, querendo ou não, é um momento de socialização. Até mesmo um bate-papo fez parte do programa e trouxe mais uma indagação: Qual é o lugar da arte? Em um livro ou em uma parede?

Esta relação entre matéria, tempo e espaço nos persegue seja qual for o objeto de contestação ou apreciação. Um quadro é mais fácil de ser assimilado como objeto de arte do que um livro, mas qual é a validade da arte? Se nós que nos propomos a essas discussões algumas vezes ficamos confusos, imagina quem nunca teve contato, mesmo através de um local que pode proporcionar este momento de cultura, colégios e escolas, porém, quando há necessidade de outra atividade é marcada justamente no horário da aula de artes. Muitas vezes ouvi dizer que arte é para elite e “quem gosta de falar de pobreza é sociólogo”. Será que somente quem possui carteirinha de colecionador e gosta de pintura de natureza morta é quem entende de arte?

Arte era considerada uma entidade. Poder de criação. Todo indivíduo precisa criar, temos essa necessidade e muitas vezes nos acomodam ou nos acomodamos comprando e consumindo tudo o que “precisamos”, mas dificilmente em dúvida se compra uma obra de arte ou uma camiseta da Zara.

Entre citações e referencias de Baudelaire a Duchamp, troca de repertórios, indicação de livros, artistas, reflexões sobre o museu, curador, crítico, “O” artista e exposições citadas neste “espaço da arte” por assim dizer, além dos diversos interesses desde arte, tecnologia e passando pela Teoria do Big-Bang, demonstrando que arte é multidisciplinar.

Alguns dizem que cozinhar é uma arte, mas esse discurso que tudo é arte muda quando nos deparamos com aquelas afirmações capciosas:

– “Nossa que quadro horrível, até meu filho faz isso!”

– “É mesmo? Então diga a ele para explicar!”

Sim, gosto se discute, afinal nenhum assunto é estéril e é tão “Cimples” afirmar que “tudo é tudo” e percebemos que “Arte é sobretudo arte”.

Entrei neste Lab vazia, a minha concentração foi no estilo Samurai e a energia permitiu escrever meu ponto de vista a respeito da construção deste zine e aqui finalizo esta minha expansão.


Ellen Nascimento
Artista e Pensadora
ellencunhadonascimento@yahoo.com.br

3 comentários:

Unknown disse...

Arte verdadeira não precisa explicação. Bula é pra remédio! Se precisa de explicação, já não está sujeita a interpretação individual do espectador, portanto, não é arte. Já pensou se toda música tivesse que ser explicada para ser entendida? Que saco hein! Eu quero e devo entender do meu jeito, esta é a graça. A beleza está nas diferenças de interpretação, e não em uma explicação indutiva.
Um abraço
Renato Calliari
nada e ninguém

Lailana disse...

Entendo o que você disse Renato, mas também entendo a colocação no texto da Ellen. Acho que a colocação dela se refere na necessidade que o artista tem em saber o que ele está fazendo quando denomina um objeto comum como objeto-trabalho-obra de arte. Caso contrário qualquer coisa seria arte, (o que bastante gente defende por ai né) mas isso particularmente eu não concordo. A arte não é qualquer coisa, ela pode estar, ser ativada por qualquer coisa, desde que seja chamada de "obra/objeto/trabalho de arte" e que de alguma maneira essa coisa possua dispositivos suficientes para tensionar essa sensação com o espectador dessa coisa que chamamos de "arte"(que claro, obviamente pode ser também individual).

Analogias Repentinas disse...

Concordo contigo Lai, acho que eu acabei até derivando pra outro assunto. Sim, claro, um objeto precisa estar um contexto específico pra ser considerado artístico, com ctza! Porque aí que estaria inclusive o conceito da coisa. Muitas vezes isso é esquecido mesmo, e é o principal. Principalmente nessas obras que o lado estético não é o foco e é até opcional! Beijos pra ti e pra Ellen!

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